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Saúde Mental nas Organizações: o que aprendemos com Rodrigo Yoshima, autoridade internacional em Kanban

Saúde Mental nas Organizações: o que aprendemos com Rodrigo Yoshima

Em um encontro marcante durante um evento sobre Agilidade, em Recife, Leonardo Abrahão, psicólogo presidente do Instituto de Desenvolvimento Humano Janeiro Branco (IDHJB), teve a oportunidade de conversar com Rodrigo Yoshima — uma das maiores autoridades sobre o método Kanban no Brasil e no mundo.

A partir de um pedido direto e simples — “me dá a dica de ouro sobre saúde mental nas empresas” — ele nos presenteou com reflexões poderosas e absolutamente alinhadas à missão do Instituto de Desenvolvimento Humano Janeiro Branco (IDHJB).

Para Yoshima, nunca antes na história da administração enfrentamos tantos problemas psíquicos e psicossociais causados pelo próprio ambiente de trabalho. Segundo ele, o trabalho se tornou uma fonte constante de estresse, que só se alivia quando é concluído — ou quando a pessoa consegue se afastar dele.

E qual seria, então, a tal “dica de ouro”?
De forma clara e objetiva, Rodrigo afirma: “limitar o trabalho em progresso”. Ou seja, comprometer-se apenas com aquilo que a organização realmente consegue entregar. Para ele, este é um princípio fundamental do Kanban — e também um dos mais desafiadores, pois exige uma mudança de mentalidade por parte da gestão.

Essa fala é especialmente importante para gestores, profissionais de RH e da saúde mental, porque toca em um ponto central: o sofrimento no trabalho está diretamente relacionado à sobrecarga, ao acúmulo de demandas e à cultura do “fazer tudo ao mesmo tempo”.

Além disso, Rodrigo destaca que o “task switching” — essa constante troca de tarefas que impede a concentração — é uma das fontes mais silenciosas de exaustão emocional. Ele ainda alerta que muitas das queixas de saúde mental no trabalho decorrem de reuniões excessivas, cobranças irreais e falta de foco — aspectos que podem (e devem) ser redesenhados pelas lideranças organizacionais.

Por isso, ouvir uma autoridade da Agilidade defender medidas práticas para reduzir o adoecimento mental nas empresas é algo precioso. Sua fala aproxima dois universos que, cada vez mais, precisam dialogar: a eficiência organizacional e o cuidado com a saúde emocional das pessoas.

Essa conversa reforça: promover saúde mental nas organizações não é apenas uma questão de empatia — é também uma questão de inteligência estratégica.

Leonardo Abrahão e Rodrigo Yoshima em evento sobre “Agilidade”, em Recife(PE)

Leia, abaixo, a transcrição da conversa entre Leonardo Abrahão e Rodrigo Yoshima
(para assistir ao vídeo da conversa, clique aqui)

LEONARDO ABRAHÃO:
Pessoal, estamos aqui em Recife(PE), em um evento sobre “Agilidade”, e olha só quem eu encontrei: Rodrigo Yoshima, uma das maiores vozes sobre o método Kanban.

Rodrigo, é óbvio que eu te abordei! Teve a sua palestra hoje e, amanhã, vou fazer a minha sobre saúde mental. Como você sabe, a Campanha Janeiro Branco é a campanha brasileira sobre saúde mental, então precisamos falar sobre isso dentro das organizações.

Então, me ajuda a ajudar a turma: com base na sua visão, na sua experiência — você que viaja o mundo falando sobre Kanban — qual é a sua dica de ouro sobre como trabalhar a saúde mental dentro das empresas?

RODRIGO YOSHIMA:
Vamos lá, Leo.
Acho que nunca na história da administração nós sofremos com tantos problemas psíquicos e psicossociais, até psicológicos, causados pelo trabalho.
Acredito que esse é um dos grandes males do século dentro do ambiente organizacional.

Pesquisas mostram que o trabalho impõe uma carga de estresse muito alta, que só se dissipa quando a pessoa entrega o trabalho… ou se liberta dele.

E a dica de ouro que o Kanban oferece é simples — mas costuma ser um remédio que os gestores não gostam muito de tomar: limitar o trabalho em progresso.

Ou seja, comprometer-se apenas com aquilo que a organização é, de fato, capaz de entregar. Nem mais, nem menos.
Toda organização tem uma capacidade instalada, e é fundamental conhecê-la e respeitá-la.

Mas, hoje em dia, o que vemos é uma gestão que empurra trabalho — e espera que todo mundo faça tudo ao mesmo tempo.

LEONARDO ABRAHÃO:
E como é que a gente chega para o gestor e diz: “Olha, é preciso limitar o excesso, a sobrecarga. É necessário saber avaliar o progresso”?
Você me disse nos bastidores que isso é meio contraintuitivo, né?

RODRIGO YOSHIMA:
Isso.
Porque a organização tem uma capacidade instalada — pode ser que consiga lidar com cinco projetos ao mesmo tempo, cinco demandas, cinco iniciativas… não sei.

A gente usa o método Kanban para tentar entender o que é saudável para aquele sistema.
Isso ajuda as pessoas a se concentrarem mais, sem precisar ficar trocando de tarefa o tempo todo.

Esse chaveamento de tarefas, o famoso task switching, é uma das grandes fontes de estresse.

Então, estamos falando de menos reuniões, menos pressão absurda, menos acúmulo.
Tudo aquilo que, hoje em dia, as pessoas mais reclamam quando o assunto é saúde mental no trabalho.

LEONARDO ABRAHÃO:
Gente, o ouro está aqui.
Rodrigo, obrigado!

RODRIGO YOSHIMA:
Obrigado, Leo!

LEONARDO ABRAHÃO:
Parabéns pela sua trajetória e por tudo que você vem levando para o mundo.
Agora, você também contribui com a Campanha Janeiro Branco e com o Instituto Janeiro Branco.

Espero que a gente se encontre muitas vezes ainda por aí, pelo mundo afora, dando nossa contribuição para uma humanidade sofrida, mas cheia de potencial.

RODRIGO YOSHIMA:
Sim, perfeitamente. Obrigado, Léo!

E esse assunto é plenamente digno de discussão.
Infelizmente, não vejo melhoras. O problema das organizações se comprometerem além do que podem está piorando, não melhorando.

Então, fica o recado: limitem seu trabalho em progresso.

LEONARDO ABRAHÃO:
Vamos trocar figurinhas, WhatsApp, contatos… porque vamos somar forças.
A fala do Rodrigo, que é autoridade, e a fala do Janeiro Branco… vamos ajudar o povo. Vamos ajudar as organizações também.
Abraços! Valeu, Rodrigo.

RODRIGO YOSHIMA:
Valeu, Leo. Abraço!

Leonardo Abrahão
Leonardo Abrahão
Psicólogo, professor, palestrante e escritor. Em 2014, ao convidar psicólogos e psicólogas de sua cidade natal, Uberlândia(MG), para irem às ruas falar com as pessoas sobre Saúde Mental, deu início ao maior movimento do mundo sobre qualidade de vida e bem-estar emocional — a Campanha Janeiro Branco. Hoje, como presidente do Instituto Janeiro Branco, dedica sua vida ao fortalecimento dessa causa — trabalhando, sempre, por uma cultura da Saúde Mental na humanidade, de janeiro a janeiro e ano após ano.
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